Uma das noites mais frias da cidade compôs o cenário do palco do primeiro show da Trupe Delirante no Circo Voador em São Paulo. Mais do que uma apresentação, o que aconteceu no Citibank Hall, na noite do último sábado, dia 11, foi uma entrega. Entrega da artista e entrega do público, que pareciam exorcizar seus demônios em perfeita comunhão. Ela e sua banda em cima do palco e o público fazendo da pista a extensão do picadeiro.
A iluminação e o palco simples parecem os mesmos feitos para abrigar a gravação do DVD no Circo Voador, tradicional casa de shows no Rio de Janeiro, cidade onde se encontra um grupo fiel de fãs da cantora. Em 8 ou 80, música que abriu a apresentação, Pitty fala dos segredos que não se contam nem pra si mesmo, em uma alusão à frase de Dostoievski implícita na música, e os segredos foram todos confessados enquanto os fãs perdiam o pudor em rodas clássicas dos shows de rock. Com Fracasso, segunda música do show, o público já estava em êxtase e o resto da apresentação mostrou uma cantora com uma presença de palco impressionante.
Água Contida ganhou o reforço do violino de Hique Gomez, do Tangos e Tragédias, e o coro da platéia voltou mais uma vez a fazer parte do espetáculo. Com Desconstruindo Amélia, o que se via era a desconstrução das garotas que abandonaram as camisetas e interpretaram a faixa, cada uma à sua maneira.
A energia que vinha do palco e da platéia fez os 13 graus que marcavam os termômetros da cidade parecem 40 dentro do Citibank. Em um momento teatral, Pitty conversa com o público em Me Adora, fazendo um jogo entre frases e letra da música. Esse foi o anúncio do fim do delírio e então se recolheu a lona que será montada em outro picadeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário